A pequi (ou piqui, no falar goiano) é uma fruta que traz junto um pedaço do Cerrado: perfume marcante, cor dourada, sabor intenso e uma história que atravessa gerações. Em cada polpa cozida há lembranças de arroz com pequi, galinhada perfumada, farofa úmida e mesas cheias. Mas a pequi não é só afeto — ela entrega energia estável, saciedade, carotenóides que colorem a pele de viço, e um óleo nobre que inspira cuidados do prato ao cabelo.
Se você busca um alimento que una benefício direto à saúde, alívio de incômodos do dia a dia, prevenção natural e prazer em consumir algo simples, autêntico e brasileiro, a pequi merece um lugar no seu cardápio. A seguir, você encontra tabela nutricional por 100 g, um preparo medicinal acolhedor, ideias de uso alimentar do café ao jantar, um cuidado estético seguro e dicas para escolher, higienizar e conservar sem mistério.
Curiosidades que despertam:
• A pequi (Caryocar brasiliense) é conhecida como “ouro do Cerrado”.
• O caroço tem espinhos microscópicos sob a polpa: nunca morda; coma apenas raspando a polpa com os dentes.
• O óleo de pequi é alaranjado por ricos carotenóides (pró-vitamina A) e tradicionalmente usado na cozinha e em cuidados da pele e dos fios.
Informação nutricional da pequi (100 g)
Valores médios para polpa cozida e sem sal; podem variar por variedade e maturação. %VD estimados para dieta de 2.000 kcal.
Componente | Quantidade | % VD* |
---|---|---|
Calorias | 205 kcal | 10% |
Carboidratos | 12,0 g | 4% |
Açúcares naturais | 3,0 g | — |
Fibras | 5,2 g | 21% |
Proteínas | 2,3 g | 5% |
Gorduras totais | 16,5 g | 24% |
Gorduras monoinsat. | 8,0 g | — |
Gorduras poliinsat. | 3,0 g | — |
Vitamina A (RAE) | 400 µg | 44% |
Vitamina E | 5,0 mg | 33% |
Vitamina C | 10 mg | 11% |
Potássio | 350 mg | 7% |
Magnésio | 40 mg | 10% |
Cálcio | 22 mg | 2% |
Ferro | 1,0 mg | 7% |
*% Valores Diários de referência (estimativas).
Como esses números viram benefícios no prato com pequi
- Energia consistente + saciedade: amido de digestão mais lenta com fibras ajuda a segurar a fome entre as refeições.
- Olhos e pele em dia: vitamina A (pró-vitamina de carotenóides) e vitamina E apoiam visão, renovação celular e viço.
- Coração e músculos agradecem: potássio e magnésio favorecem equilíbrio de líquidos e função muscular.
- Gorduras boas: o perfil lipídico traz mono e poli-insaturadas, companheiras da saúde cardiometabólica.
Dica de ouro: um fio de gordura boa (azeite, castanhas) no prato com pequi aumenta a absorção de carotenóides. Equilíbrio é a chave.
Uso medicinal da pequi: saciedade gentil, conforto articular e pele luminosa
O uso medicinal da pequi nasce da combinação fibras + amido + carotenóides + tocoferóis (vitamina E). Em linguagem do dia a dia, isso se traduz em energia estável, intestino mais organizado, pele com mais luminosidade e um cuidado carinhoso em momentos de cansaço muscular pós-atividade.
Onde a pequi pode ajudar no cotidiano
- Saciedade que respeita o corpo: por ser mais densa, a pequi sustenta manhãs e tardes longas, ajudando a modular a vontade de doce.
- Intestino em ritmo gentil: a fibra dá volume e ajuda na regularidade quando combinada com boa hidratação.
- Pele e mucosas: vitamina A e E apoiam renovação e proteção antioxidante, úteis em rotinas expostas a sol e vento do Cerrado.
- Bem-estar muscular: pratos com pequi, após esforço, oferecem potássio, magnésio e energia para recuperar o ritmo.
Segurança e cuidados com pequi
• Nunca morder o caroço: há espinhos finíssimos sob a polpa — risco de ferir boca e gengiva.
• Em diabetes, a pequi cabe no plano alimentar em porções moderadas, combinada com proteínas e fibras (feijões, folhas, ovos) para modular a resposta glicêmica.
• Pessoas com SII podem sentir desconforto com porções grandes; comece com quantidades menores e aumente conforme tolerância.
• Se houver restrição de potássio ou uso de medicações específicas, personalize o uso com seu profissional de saúde.
Receita medicinal — Caldo reconfortante de pequi com cúrcuma e limão
Quando usar: noites frias, sensação de cansaço muscular, busca de saciedade sem peso e conforto ao estômago.
Rende: 2 porções.
Ingredientes
- 1 xícara de polpa de pequi cozida (sem caroço; raspada da casca)
- 2 xícaras de caldo caseiro leve (legumes ou frango)
- ½ colher (chá) de cúrcuma (açafrão-da-terra)
- 1 colher (chá) de gengibre ralado
- 1 colher (sopa) de azeite (ou ½ colher de manteiga de garrafa)
- Sal e pimenta-do-reino a gosto
- Suco de ½ limão para finalizar
- Coentro ou salsinha picados
Modo de preparo
Bata a polpa de pequi com parte do caldo até ficar cremosa. Leve à panela com o restante do caldo, cúrcuma, gengibre e azeite, mexendo por 5–7 minutos em fogo baixo. Ajuste sal e pimenta. Fora do fogo, junte o limão e as ervas. Sirva morno.
Por que acolhe
- Textura aveludada facilita a digestão.
- Cúrcuma e gengibre somam aroma e conforto gástrico.
- Pequi entrega energia + antioxidantes que ajudam no pós-esforço.
Versão “calmaria da noite”: troque cúrcuma por noz-moscada e finalize com fio de mel — um mimo para fechar o dia.
Não substitui orientação médica.
Uso alimentar da pequi: da cozinha afetiva aos toques autorais
A pequi brilha quando a gente respeita seu sabor intenso e perfume. Vai do café da manhã com pão e café passado à galinhada de domingo, da salada morna à massa com toque brasileiro.
Café da manhã com pequi: energia limpa e acolhedora
- Pasta de pequi no pão: amasse a polpa cozida com azeite, sal e cheiro-verde; espalhe no pão integral e finalize com tomate em cubos.
- Creme doce de pequi: polpa batida com leite (ou vegetal), canela e baunilha; aqueça até encorpar — lembra mingau, só que nativo.
- Ovos mexidos com pequi: uma colher de polpa na frigideira antes dos ovos; perfuma o café e dá saciedade.
Lanches e bebidas: aconchego que sustenta
- Bolinho assado: polpa de pequi + ovos + aveia + queijo; asse em forminhas até dourar.
- Patê rápido: pequi + iogurte + limão + pimenta calabresa; sirva com palitos de legumes.
- Caldo “leva-e-traz”: leve o caldo medicinal em garrafinha térmica para tardes corridas.
Saladas e entradas: contraste que conquista
- Salada morna de batata-doce, feijão-verde e vinagrete de limão com pitadas de pequi — sustança sem peso.
- Bruschetta do Cerrado: pão rústico, pasta de pequi, cebola roxa fininha, coentro e toque de pimenta.
Pratos principais: clássicos e releituras
- Arroz com pequi (clássico): refogue cebola + alho, junte arroz e polpa de pequi; finalize com cheiro-verde.
- Galinhada com pequi: frango em cubos dourado, arroz, pequi e urucum; cozinha lenta que perfuma a casa.
- Nhoque de pequi: polpa bem amassada + farinha até dar ponto; cozinhe, salteie na manteiga de garrafa com sálvia.
- Peixe grelhado com mousseline de pequi: pequi batido com caldo e fio de creme/leite; acompanha peixe branco com elegância.
Sobremesas conscientes: doçura com identidade
- Doce em calda leve: polpa cozida em calda de rapadura com cravo e canela — colheradas de memória.
- Pudim rústico: pequi batido, ovos, leite, baunilha; banho-maria até firme.
- Bolo dourado: substitua parte da farinha por purê de pequi para miolo úmido e cor solar.
Uso cosmético/estético com pequi: brilho, maciez e cuidado (com teste de sensibilidade)
O óleo de pequi (prensado a frio) é rico em carotenóides e possui textura que amacia sem pesar quando usado em pequena quantidade.
Banho de brilho para cabelos (1–2x/semana)
- Aqueça 3–5 gotas nas mãos e aplique do meio às pontas com o cabelo úmido.
- Deixe 15–20 minutos e lave normalmente.
Atenção: faça teste de sensibilidade no antebraço 24 h antes. O óleo pode manchar tecidos pela cor alaranjada.
Hidratante noturno pontual (pele seca)
- Misture 1 gota do óleo de pequi no seu hidratante noturno e aplique somente em áreas secas.
- Evite áreas acneicas e sol direto após o uso.
Como escolher, higienizar e conservar pequi
Escolha consciente
- Prefira frutos firmes, com casca íntegra e cor amarela/alaranjada. Perfume intenso é bom sinal.
- Evite rachaduras ou pontos escuros.
Higiene sem mistério
- Lave as mãos.
- Lave os frutos inteiros em água corrente, esfregando delicadamente a casca.
- Cozinhe inteiros (água + pitada de sal). Depois, raspe a polpa com colher.
- Nunca morda o caroço.
Cozimento básico
- Panela com água que cubra os frutos e pitada de sal; cozinhe por 30–45 minutos até a polpa amaciar.
- Escorra, deixe amornar e raspe a polpa.
Conservação que preserva qualidade
- Crua (inteira): fruteira por 1–3 dias.
- Cozida (polpa): geladeira por 3–4 dias em pote fechado.
- Congelar: polpa cozida em porções por até 3 meses — perfeita para arroz, caldos, nhoques e farofas.
Aproveitamento total (criativo e consciente)
- Polpa: base para pratos salgados e doces.
- Caldo de cozimento: vira sopa ou molho.
- Caroço e casca: não comestíveis; descarte com segurança.
Combinações por objetivo com pequi
Saciedade e foco
- Arroz com pequi + feijão-preto + salada verde — prato completo e equilibrado.
- Ovos mexidos com pasta de pequi sobre pão integral.
Intestino em ritmo gentil
- Caldo de pequi (receita medicinal) + chia por cima.
- Salada morna de leguminosas com toque de pequi.
Pré-treino leve
- Porção pequena de pequi com mandioca cozida + fio de azeite.
- Bolinho assado de pequi com aveia.
Conforto noturno
- Creme doce de pequi com canela.
- Chá claro + duas colheres de purê de pequi — segura a fome com maciez.
Perguntas frequentes sobre pequi
Pequi engorda?
Não por si só. É energética e sacia, então o segredo está na porção e no contexto do prato.
Diabéticos podem consumir pequi?
Podem, em porções moderadas, combinando com proteínas e fibras para modular a resposta glicêmica. Personalize com seu profissional de saúde.
Posso comer pequi cru?
Tradicionalmente, consome-se cozido. Cru, o sabor é muito intenso e a textura, fibrosa. Cozinhar realça o perfume e amacia a polpa.
Casca e caroço são comestíveis?
Não. Aproveita-se apenas a polpa que envolve o caroço. Não morda o caroço: há espinhos finíssimos.
Óleo de pequi na pele e no cabelo é seguro?
Em pequenas quantidades e com teste de sensibilidade, sim. Pode manchar tecidos; use à noite e evite sol após aplicação.
Conclusão: pequi é abraço quente em forma de fruta
Do caldo reconfortante que acalma o estômago à galinhada perfumada que reúne a família, a pequi mostra que é possível cuidar do corpo e comer com prazer no mesmo gesto. Ela hidrata, organiza a digestão, entrega fibras gentis, amido de boa qualidade, vitamina A, vitamina E e minerais amigos do coração — em receitas que cheiram a casa boa e mesa cheia.
Comece hoje: cozinhe uma leva de pequi, congele metade da polpa (para nhoques, caldos e farofas) e use a outra metade num arroz com pequi para o almoço. Em poucos dias, você vai sentir mais saciedade, energia estável e conforto — com o bônus de pratos sempre afetivos e brasileiros.
📍 Leia também:
- Buriti: cor, carotenóides e pele luminosa
- Murici: azedinho brasileiro que surpreende no sabor
- Pupunha: energia amazônica que nutre e acolhe
📘 Quer um guia completo sobre frutas que nutrem e curam?
Adquira agora o eBook Nutrição das Frutas com orientações, receitas e usos medicinais de dezenas de frutas brasileiras.
➞️ Clique aqui e compre agora mesmo