O chá de buchinha-do-norte — também chamado de cabacinha, bucha-dos-paulistas ou simplesmente buchinha — refere-se ao uso do fruto seco de Luffa operculata (família Cucurbitaceae). Apesar da fama em receitas caseiras, não é um alimento nem uma bebida indicada para consumo. Estudos e relatos clínicos descrevem irritação intensa da mucosa nasal, sangramentos (epistaxe), perda de olfato e necrose quando usado por via intranasal; a ingestão pode causar intoxicações graves. Nosso foco aqui é explicar com clareza os riscos, contextualizar usos populares e apresentar alternativas seguras para sua xícara. SciELO+1PubMed
Logo de saída: não recomendamos preparar nem beber chá de buchinha-do-norte, nem pingar soluções no nariz. A planta contém cucurbitacinas e outros compostos potencialmente agressivos; há registros do seu uso abortivo na cultura popular e de eventos adversos associados. A orientação dos estudos e materiais técnicos é de cautela máxima, com ênfase nos riscos e na ausência de evidência robusta de benefício clínico nas formas caseiras. cff.org.brninho.inca.gov.br
⚠️ Aviso: Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui orientação médica ou nutricional profissional.
O que é Luffa operculata (buchinha-do-norte)
Luffa operculata é uma trepadeira cucurbitácea cujos frutos maduros e secos liberam uma bucha interna fibrosa. No Brasil, popularizou-se o uso caseiro da infusão do fruto seco para inalação/instilação nasal em quadros de “sinusite” e como purgante/emenagogo. Publicações acadêmicas e materiais didáticos registram esses usos tradicionais, mas também listam efeitos adversos frequentes (irritação, sangramento e alterações do olfato) — razão pela qual não se recomenda o preparo doméstico para qualquer via. hortodidatico.ufsc.brSciELO
Por que o “chá de buchinha-do-norte” não é indicado
- Risco nasal importante: pesquisas experimentais e revisões de otorrinolaringologia mostram que a infusão de L. operculata prejudica a função mucociliar, irrita a mucosa e pode levar a epistaxe e anosmia (perda de olfato). PubMedSciELO
- Toxicidade sistêmica: relatos e revisões destacam potenciais efeitos tóxicos por ingestão, com gastroenterite hemorrágica e choque em casos graves. Há menções ao uso como abortivo, com risco para a gestação. cff.org.br
- Evidência terapêutica limitada: mesmo onde a planta é estudada, autores ressaltam que faltam provas sólidas de benefício clínico nas formulações populares e que a toxicidade merece atenção. SciELOPubMed
Benefícios e curiosidades culinárias
Como ingrediente culinário/bebida, a buchinha-do-norte não se aplica. Se a sua intenção é aproveitar um ritual de pausa com um chá aromático, há diversas alternativas seguras (veja a receita mais abaixo). Essa escolha pode auxiliar a criar um momento de descanso, hidratação e conforto — sem expor você aos riscos da L. operculata.
Usos tradicionais e populares
Registros acadêmicos descrevem que a buchinha foi usada por via nasal (instilação/inalação) para “rinites/rinossinusites” e, em contexto popular, como purgante/emenagogo. Esses usos não são isentos de risco: a própria literatura cita eventos adversos e alertas. O objetivo, aqui, é informar e desencorajar o uso caseiro, indicando rotas seguras quando a intenção é tomar uma bebida quente. SciELOhortodidatico.ufsc.br
Tabela nutricional (100 g) — não aplicável como alimento
A Luffa operculata não é alimento e não deve ser ingerida. USDA e TACO não trazem entrada alimentar para a espécie. Para referência de infusões de ervas (em geral), bebidas prontas sem açúcar costumam ter 0–1 kcal/100 g, mas isso não constitui autorização para uso da buchinha na xícara. SciELO
Componente (100 g) | Quantidade | % VD* |
---|---|---|
Energia | — (planta não alimentar) | — |
Carboidratos | — | — |
Proteínas | — | — |
Gorduras totais | — | — |
Sódio / Minerais | — | — |
* %VD para adultos (2.000 kcal). Observação: Para infusões de ervas seguras e alimentares, a referência “herbal tea, brewed” mostra ~0–1 kcal/100 g (MyFoodData/USDA) — novamente, não aplicável à buchinha. SciELO
Receita prática (alternativa SEGURA, sem buchinha-do-norte)
Quer um chá descongestionante e aromático para sua rotina? Experimente esta alternativa segura em vez de “chá de buchinha-do-norte”.
Infusão cítrica com gengibre (opção segura para o dia a dia)
Rende: 2 xícaras • Tempo: 8–10 min
- 500 ml de água
- 4–5 fatias finas de gengibre
- Casca de limão (tiras, sem a parte branca)
- Opcional: folhas de hortelã
Passo a passo
- Aqueça a água até início de fervura.
- Desligue, adicione gengibre + casca de limão, tampe e aguarde 8–10 min.
- Coe e sirva. Para versão gelada, resfrie e sirva com gelo.
Para dominar proporções e técnicas de infusão, confira: Como preparar chás naturais.
Uso alimentar e uso estético/cosmético
- Alimentar (bebida): não utilizar buchinha-do-norte. Escolha ervas culinárias seguras (gengibre, camomila, hortelã, hibisco, etc.).
- Estético/cosmético: não recomendamos preparos tópicos caseiros com buchinha. A planta é irritante; evite contato com mucosas/olhos/pele sensível.
Conservação e cultivo (se aplicável)
- Identificação e procedência: a parte usada nas práticas populares é o fruto maduro seco. Mesmo assim, não é indicada para preparo caseiro (bebida ou soluções nasais), devido aos riscos documentados. hortodidatico.ufsc.br
- Cultivo: como outras cucurbitáceas, é uma trepadeira que cresce em clima quente e ensolarado; isso não implica segurança para uso medicinal. Se você cultiva por interesse botânico, mantenha fora do alcance de crianças e não utilize a planta para “remédios” caseiros.
Cuidados, contraindicações e segurança
- Via nasal (pingar/inalar): não recomendado — risco de irritação intensa, sangramento, perda de olfato e até necrose da mucosa nasal descritos em estudos e relatos. SciELOPubMed
- Ingestão: não ingerir. Há relatos de intoxicação; o uso popular como abortivo envolve alto risco e não deve ser praticado. cff.org.br
- Gestação e lactação: contraindicada. Risco de efeito uterotônico/abortivo relatado na literatura. cff.org.br
- Crianças: não utilizar.
- Produtos “naturais” sem registro: evite. Verifique autorização e rotulagem; produtos irregulares aumentam o risco de eventos adversos. Serviços e Informações do Brasil
- Persistência de sintomas (rinite/rinossinusite): procure profissional de saúde e siga diretrizes clínicas atualizadas — não use buchinha. SciELO
Reforço: Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui orientação médica ou nutricional profissional.
Perguntas frequentes (FAQ)
1) Dá para beber “chá de buchinha-do-norte”?
Não. A planta não é alimento e a ingestão está associada a intoxicações. Escolha outras ervas culinárias seguras.
2) E pingar no nariz “só duas gotinhas”?
Também não. Estudos mostram irritação, epistaxe e alterações do olfato após uso nasal. SciELO
3) Existe evidência de que funcione para sinusite?
As pesquisas não sustentam o uso caseiro; os próprios estudos focados em L. operculata destacam toxicidade e falta de prova clínica robusta de benefício. SciELO
4) É verdade que é abortiva?
Há registros do uso popular como abortivo e alertas sobre esse risco; não utilize. cff.org.br
5) Posso usar na pele?
Não recomendamos preparos tópicos caseiros com buchinha; a planta é irritante e pode causar reações.
6) O que tomar no lugar?
Para uma xícara aromática, opte por gengibre com limão, camomila, hibisco ou hortelã.
Leia mais em
- PubMed – “Luffa operculata affects mucociliary function of the isolated frog palate” (estudo com foco em toxicidade nasal e risco de epistaxe/anosmia). PubMed
Links internos do Blog Nutritivo (variados)
Conclusão
O chá de buchinha-do-norte não deve ser preparado nem ingerido — e o uso intranasal também não é seguro, com riscos que incluem sangramentos e perda de olfato. Se a sua meta é bem-estar via uma bebida quente, há muitas opções seguras: gengibre com limão, camomila, hibisco, hortelã e outras ervas culinárias. Faça escolhas responsáveis, priorize informação de qualidade e, na dúvida, procure orientação profissional. Quer ampliar o repertório? Explore os outros guias do Blog Nutritivo!
⚠️ Lembrete final: Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui orientação médica ou nutricional profissional.
Box do autor
Artigo escrito por Alexandre Zorek, formado em Administração e com pós-graduação em Botânica. Apaixonado por orquídeas, fotografia e alimentação natural, pai da Bianca e da Beatriz, compartilha conhecimento confiável sobre plantas, frutas, chás e verduras de forma prática e acessível.
