Chá de barbatimão: benefícios, usos e como preparar com segurança

O chá de barbatimão é tema frequente em conversas sobre plantas brasileiras. “Barbatimão” costuma se referir à casca do tronco de árvores do gênero Stryphnodendron, com destaque para Stryphnodendron adstringens — conhecida por seu alto teor de taninos e perfil adstringente. Na tradição popular aparecem receitas para decoções (fervuras) da casca. No entanto, materiais oficiais e revisões de referência descrevem que o uso seguro e padronizado do barbatimão é prioritariamente externo (pele e mucosas), com bochechos e aplicações tópicas específicas, e não como bebida de uso cotidiano. Serviços e Informações do Brasil

Ao longo deste guia você verá o que é o barbatimão, benefícios e curiosidades culinárias, usos tradicionais, tabela nutricional da infusão de ervas por 100 g com % diária (para você entender a ordem de grandeza calórica), receita prática segura e alternativa para a xícara, além de cuidados/contraindicações, FAQ, links úteis no final.

⚠️ Aviso: Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui orientação médica ou nutricional profissional.


O que é o chá de barbatimão (e por que pede cautela)

Barbatimão” designa, principalmente, a casca do caule de Stryphnodendron adstringens. Documentos técnicos oficiais especificam a droga vegetal como cascas caulinares secas, com padrões mínimos de taninos totais — um indicativo de qualidade e de como a espécie é tratada em farmacopeias e formulários. Esses mesmos materiais registram indicações padronizadas para uso externo (pele e mucosas) e advertências importantes. bibliotecadigital.anvisa.gov.brServiços e Informações do Brasil

Revisões científicas destacam que espécies de Stryphnodendron chamadas de “barbatimão” são tradicionalmente usadas em feridas e infecções, o que ajuda a explicar a fama da casca no Brasil — mas também lembram que a forma de uso, a parte da planta e a via de administração precisam seguir padrões para segurança e resultado. PMC

Na prática doméstica, portanto, não é adequado tratar “chá de barbatimão” como uma bebida para consumo livre. O preparo recomendado quando se fala em barbatimão é decoção para bochechos ou lavagens (uso externo), conforme descrito nos formulários técnicos. Serviços e Informações do Brasil


Benefícios e curiosidades

  • Ritual de cuidado: incluir um bochecho com decoção fria (uso externo) pode auxiliar em rotinas de higiene bucal/ orofaríngea, respeitando as orientações oficiais de preparo. Serviços e Informações do Brasil
  • Perfil adstringente marcante: os taninos da casca explicam a sensação de “puxar” (astringência). Em aplicações cutâneas e de mucosa (padronizadas), isso pode formar uma camada protetora e contribuir para o conforto local — ponto discutido em publicações técnicas. Repositório UEGAssociação Brasileira de Química
  • Tradição brasileira:longa história de uso em tópicos e enxágues; estudos mapeiam a cicatrização e o controle microbiológico como frentes investigadas, mas reforçam que padrões de qualidade e via de uso são decisivos. PubMedPMC

Usos tradicionais e populares

Compilações acadêmicas e monografias descrevem o barbatimão como recurso tradicional em decoções da casca para feridas e mucosas, além de bochechos. Nos materiais oficiais, as indicações aparecem como cicatrizante e antisséptico de pele e mucosas, com modo de usar: uso externo, inclusive bochecho com decoção à temperatura ambiente (2–3 vezes/dia). Esses registros não equivalem a prescrição individual e não autorizam consumo como bebida diária. Serviços e Informações do Brasil


Tabela nutricional — infusão de ervas preparada (100 g)

Para chás/infusões sem açúcar, a bebida pronta é basicamente água com traços de compostos solúveis. Abaixo, valores de referência para “herbal tea brewed” (ex.: camomila) por 100 g, úteis para entender a ordem de grandeza calórica e de nutrientes de uma infusão padrão — o que também se aplica se você faz enxágues/bochechos com decoções diluídas. My Food Data

Componente (100 g – infusão)Quantidade% VD*
Energia≈0,3–1 kcal0%
Carboidratos≈0,1–0,2 g0%
Proteínas0,0 g0%
Gorduras totais0,0 g0%
Fibras0,0 g0%
Sódio≈1 mg0%
Potássio≈6–9 mg0%
Cálcio≈2 mg0%
Ferro≈0,07–0,08 mg0%

* %VD estimadas para adultos (2.000 kcal/dia). Fonte: MyFoodData/USDA para “Beverages, tea, herb, brewed (chamomile)”. My Food Data

Por que os números são baixos? Em geral, usam-se 1–3 g de planta por xícara; pouco de macronutrientes migra para a água.


Receita prática e segura com barbatimão

Decoção de casca de barbatimão para uso externo (bochecho/enxágue)
Rende: 2–3 aplicações • Tempo total: 20–25 min

Ingredientes

  • 1 colher de sopa rasa de casca seca de barbatimão (Stryphnodendron adstringens), rotulada
  • 300 ml de água

Preparo (decoção + resfriamento):

  1. Leve água + casca ao fogo até fervura suave; conte 10 minutos.
  2. Desligue, tampe e deixe em repouso por mais 10 minutos.
  3. Coe e espere esfriar até temperatura ambiente.
  4. Faça bochecho ou enxágue local 2–3 vezes ao dia, sem engolir. Descarte o excedente em 24 horas e não reutilize.
  5. Se houver irritação ou desconforto, suspenda e procure orientação.

Esse modo de usar — externo — aparece nos formulários oficiais brasileiros, incluindo a diretriz de bochecho com decoção em temperatura ambiente. Não é consumo como bebida. Serviços e Informações do Brasil

Alternativa para a xícara (para beber)

Se a sua ideia é uma bebida para saborear, escolha outra erva culinária própria para infusão: por exemplo, camomila ou carqueja (Baccharis) em intensidade leve, sempre seguindo proporções e tempos adequados. Veja também o nosso guia de técnicas: Como preparar chás naturais.


Uso alimentar e uso estético/cosmético

  • Alimentar (bebida): não recomendado com barbatimão. Se a intenção é beber, opte por outras ervas culinárias; o barbatimão, segundo documentos oficiais brasileiros, é padronizado para uso externo. Serviços e Informações do Brasil
  • Estético/cosmético: pomadas tópicas com extrato seco de barbatimão existem no mercado registradas junto à Anvisa (uso cutâneo). Em qualquer uso na pele, respeite rótulos e faça teste de toque. BVSMS

Conservação, qualidade e cultivo

  • Qualidade da droga vegetal: prefira fornecedores confiáveis com nome científico, parte usada (casca), lote e procedência. A casca de barbatimão é padronizada por teor mínimo de taninos, conforme monografias — indicador de autenticação e controle. bibliotecadigital.anvisa.gov.br
  • Armazenamento: mantenha a casca seca em pote vedado, longe de luz, calor e umidade; descarte se houver mofo ou odor atípico.
  • Cultivo e sustentabilidade: por se tratar de árvore nativa do Cerrado, a coleta indevida da casca pode danificar o indivíduo; apoie cadeias de fornecimento sustentáveis e evite colheita caseira sem conhecimento técnico.

Cuidados, contraindicações e segurança

  • Via de uso: priorize uso externo. As indicações oficiais citam cicatrizante/antisséptico de pele e mucosas, com bochechos e aplicações; não é bebida de rotina. Serviços e Informações do Brasil
  • Gestação e lactação: evitar — os formulários apontam falta de dados de segurança; não usar sem orientação. Serviços e Informações do Brasil
  • Interações e compatibilidades: materiais técnicos lembram que plantas ricas em taninos podem ser incompatíveis com plantas ricas em alcaloides (formam sais insolúveis). Em caso de reação local, interrompa. Serviços e Informações do Brasil
  • Tanninos e ferro: de modo geral, taninos podem reduzir a biodisponibilidade do ferro não-heme por complexação. Em indivíduos com ferritina baixa/risco de anemia, vale separar bebidas muito tânicas das refeições ricas em ferro. (Observação geral sobre taninos, não específica para ingestão de barbatimão.) PMC
  • Persistência de sintomas: se houver feridas que não cicatrizam ou desconfortos persistentes, procure avaliação profissional.

Lembrete: Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui orientação médica ou nutricional profissional.


Perguntas frequentes (FAQ)

1) Posso beber “chá de barbatimão”?
Não é recomendado. As indicações padronizadas do barbatimão são tópicas (pele e mucosas) e bochechos com decoção em temperatura ambiente. Para beber, escolha outras ervas culinárias. Serviços e Informações do Brasil

2) Por que o barbatimão “amarga” tanto?
Por causa dos taninos — substâncias adstringentes abundantes na casca e inclusive padronizadas em monografias. bibliotecadigital.anvisa.gov.br

3) “Barbatimão-verdadeiro” é diferente de outros barbatimões?
O nome popular abarca espécies de Stryphnodendron; S. adstringens é a mais conhecida, mas há outras sob o mesmo nome. Leia o rótulo (nome científico). PMC

4) Existe pomada de barbatimão?
Sim. Há produto tópico registrado na Anvisa contendo extrato seco de barbatimão. Siga rótulo e orientações profissionais. BVSMS

5) Posso usar para gargarejo?
A forma de bochecho com decoção fria está descrita em material oficial (uso externo, sem engolir). Respeite proporções e tempo e suspenda em caso de irritação. Serviços e Informações do Brasil

6) Por que não há “tabela nutricional da casca”?
Porque barbatimão não é alimento para consumo como bebida. Para infusões em geral, a bebida pronta tem calorias e nutrientes muito baixos (veja a tabela de referência acima). My Food Data


Leia mais sobre

  • Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira – 2ª edição (Anvisa): indicações, uso externo, preparo (bochecho/decoção) e advertências. Serviços e Informações do Brasil

Leia mais aqui no Blog Nutritivo


Conclusão

O chá de barbatimão — entendido corretamente como decoção da casca para uso externo — tem lugar histórico nas rotinas de cuidado da pele e mucosas no Brasil. Pode auxiliar como bochecho ou enxágue quando preparado de forma padronizada, respeitando qualidade e proporções. Para beber, prefira outras ervas culinárias que entregam aroma e conforto com segurança. E sempre que a ideia for uso frequente ou surgir qualquer dúvida, conte com um profissional de saúde.

⚠️ Lembrete final: Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui orientação médica ou nutricional profissional.


Box do autor

Artigo escrito por Alexandre Zorek, formado em Administração e com pós-graduação em Botânica. Apaixonado por orquídeas, fotografia e alimentação natural, pai da Bianca e da Beatriz, compartilha conhecimento confiável sobre plantas, frutas, chás e verduras de forma prática e acessível.

Alexandre Zorek, formado em Administração e com pós-graduação em Botânica. Apaixonado por orquídeas, fotografia e alimentação natural, pai da Bianca e da Beatriz, compartilha conhecimento confiável sobre plantas, frutas, chás e verduras de forma prática e acessível.